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A CNI identificou 10 questões prioritárias para o setor privado brasileiro, entre elas pontos como: acordos comerciais, agenda com Mercosul, entrada no Brasil da OCDE, fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC) e reforma tributária. O documento, publicado pela CNI na última quarta-feira (25), foi elaborado a partir de consulta a empresas brasileiras nos últimos meses de 2019, quando já havia desafios para o comércio exterior brasileiro diante a crise da Argentina e da desaceleração da China. O evento de lançamento foi cancelado devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
O diretor de desenvolvimento industrial da CNI, Carlos Abijaodi, disse que a indústria entende que o momento é delicado devido aos 'perversos efeitos' da pandemia sobre os setores produtivos com reflexos na economia e na sociedade. "Estamos atentos à situação das empresas e do emprego. Esse momento é atípico e terá fim. Não sabemos exatamente quando, mas precisamos lançar os princípios para uma recuperação do comércio exterior em paralelo ao combate à pandemia no Brasil. Essa doença provocou uma mudança de prioridades sobre um planejamento já elaborado. Mesmo assim, a agenda mantém o foco em um braço importante para o desenvolvimento da economia do país centrado no comércio exterior", salientou Abijaodi.
Para a CNI, o comércio exterior é uma ferramenta fundamental para a aceleração do crescimento econômico e para o aumento da produtividade e da competitividade da indústria brasileira. A confederação defende o aperfeiçoamento da governança da política comercial brasileira para tornar o processo decisório mais eficiente, eficaz e equilibrado nos resultados. "Ainda nos falta uma estratégia nacional de comércio exterior com metas e prazos bem definidos, considerando que as exportações serão um dos poucos motores de retomada do crescimento após o fim da pandemia", resumiu Abijaodi. Países como Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido já possuem esse instrumento.
Confira abaixo os 10 pontos centrais da agenda da indústria:
O Brasil deve continuar a abrir sua economia por meio da negociação de acordos comerciais. Além disso, qualquer revisão da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul deve ser precedida de consulta pública, baseada no uso de metodologia que leve em conta os diferenciais de custo entre o país e seus principais concorrentes, considere a tarifa real já aplicada no Brasil e seja sincronizada com uma agenda de reformas para a competitividade.
A agenda econômica e comercial do Mercosul deve ser aprofundada, sobretudo para assegurar o livre comércio total no âmbito bloco, o aperfeiçoamento de sua governança técnica e administrativa, e a internalização dos protocolos já negociados pelos sócios, sobre Contratações Públicas e de Facilitação de Comércio.
O Brasil deve manter seu esforço para aceder à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aderindo a novos instrumentos da OCDE. Esse processo deve ser acompanhado de perto pelo setor privado.
É necessário manter um sistema multilateral de comércio forte e funcional, ancorado na Organização Mundial do Comércio (OMC). Para tanto, é necessário reformar a organização, sobretudo o funcionamento do Órgão de Solução de Controvérsias e de seu Órgão de Apelação. Além disso, o setor privado deve analisar os benefícios e riscos da adesão do Brasil ao Acordo de Compras Governamentais da organização.
O Brasil precisa revisar a Lei de Lucros no Exterior para eliminar a tributação do lucro das empresas brasileiras com investimentos em outros países ou, de forma alternativa, ampliar a concessão de crédito presumido de 9% para todos os setores e prorrogar esse crédito, bem como a consolidação dos resultados das empresas, de 2022 para 2030. Além disso, é importante que o Brasil altere seus critérios para o enquadramento de um país como regime de subtributação.
O congresso nacional e o poder executivo precisam alocar recursos financeiros para a execução e implantação dos novos módulos de importação e de coleta única do portal único de comércio exterior, bem como assegurar a total integração dos órgãos anuentes e de seus respectivos controles e regulamentações ao programa.
É fundamental que a reforma tributária assegure a imunidade tributária das exportações, elimine a cumulatividade e o resíduo tributário nas vendas externas, resolva a questão da acumulação de créditos tributários e mantenha os regimes aduaneiros especiais de Drawback, Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Aduaneiro Informatizado (Recof) e Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado do Sistema Público de Escrituração Digital (Recof-Sped).
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve aprimorar a estrutura de sua área responsável pelas atividades de financiamento às exportações. Além disso, é necessário que o Banco do Brasil tenha maior autonomia nas operações do Programa de Financiamento às Exportações (Proex) e que o Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações (Cofig) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) se reúna com regularidade.
O poder executivo deve publicar o novo decreto de subsídios e medidas compensatórias com os principais pontos apresentados pela indústria, sobretudo a adequação da definição de subsídios, a previsão de adoção de metodologias alternativas em casos de condições anormais de comércio e a mudança da definição de indústria doméstica.
O poder executivo deve implementar a metodologia Rota Global em até 18 estados brasileiros por meio do Plano Nacional da Cultura Exportadora (PNCE) e assegurar a aplicação dessa metodologia por todas as entidades parceiras e participantes do Plano.
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