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O reaquecimento do mercado de trabalho do Porto já é verificado neste semestre, afirmam especialistas. Trata-se de uma “leve recuperação”, que ainda não compensa os cortes ocorridos no segmento nos últimos dois anos, quando mais de 1.500 vagas foram extintas no cais santista e em sua cadeia de negócios. Mas o cenário atual é melhor do que o do início do ano e bem superior ao do segundo semestre de 2016.
“Já há uma retomada do mercado de trabalho no Porto de Santos, sim. Teve operadora que chegou a demitir 300 e já recontratou 200. E outras estão se movimentando. Não está no boom que chegamos a registrar antes. Nos últimos anos, as perdas (de postos de trabalho) foram muito grandes, mas as companhias estão mais confiantes e, lentamente, estão contratando”, afirma a diretora executiva do Espaço Santista de RH, a psicóloga Rita Zaher.
As admissões são percebidas nos mais variados players do setor, de operadoras portuárias e logísticas a importadoras e exportadoras, relata Isis Borge, gerente de recrutamento do escritório brasileiro da Robert Half, empresa líder mundial na gestão de processos de seleção. Para ela, este é um reflexo tanto da recuperação da economia e do comércio exterior do País como de uma maior confiança do mercado no cenário brasileiro. “Como enfrentamos uma crise política, muitas empresas seguraram seus investimentos no primeiro semestre. Agora, os projetos foram liberados para que elas cumpram o previsto no ano”, explica.
O diretor da Sartori Desenvolvimento Humano e Organizacional, Fábio Sartori, descreve o atual semestre como “o melhor disparado nos últimos dois anos”. “Em relação ao ano passado, temos um aumento de 43% em nossas contratações. Ainda falta para voltarmos ao patamar anterior. Uma recuperação total só será atingida em 2020. Mas estamos no caminho certo, já há uma retomada”, diz.
Esse processo é visto no mercado portuário e em outros setores da economia local, destaca a supervisora de RH do Grupo NPO, Suraia Cassab. “Especialmente nos últimos dois meses, temos mais contratações no segmento portuário. Mas não só nele. Também vemos uma demanda maior no comércio e nos serviços”, cita.
O reaquecimento das operações portuárias tem levado as empresas desse setor a ampliar seus quadros, principalmente nas áreas operacionais (como motoristas) e comerciais (atendimento de clientes). Segundo Fábio Sartori, também há novas oportunidades em setores de apoio, como o de tecnologia. Ele conta que “as empresas estão contratando, mas não devem voltar a ter o mesmo número de funcionários. Algumas atividades passam a ser executadas por sistemas tecnológicos, o que tem ampliado a necessidade por esses profissionais”.
Cargos executivos também voltaram a ser abertos. Essa procura tem ocorrido tanto em empresas que operam contêineres como as de granéis sólidos e líquidos, afirma Isis Borges. Ela conta que, “com os cortes, teve companhia que ficou com apenas uma pessoa cuidando de suas operações portuárias em todo o País. Hoje, ela quer voltar a ter uma pessoa para Santos, uma para Paranaguá (PR), a fim de aproveitar essa novo momento da economia”.
E a recuperação dos mercados de trabalho portuário e logístico iniciada neste semestre continuará no próximo ano, afirmam os especialistas entrevistados por A Tribuna. “As contratações vão continuar em 2018, que será um ano melhor do que este. Muitos investimentos e projetos iniciados agora continuarão. Mesmo as eleições não devem impedir este movimento”, analisa a gerente de recrutamento da Robert Half.
Esse otimismo também é compartilhado pelo consultor de empresas e especialista em gestão de resultados através das pessoas Hudson Carvalho. “Sendo conservador, se tivermos metade do crescimento que estamos esperando, o impacto será bem razoável. Vamos continuar crescendo de forma tímida, mas crescendo, diferente do que ocorreu nos últimos anos. Teremos inclusive os primeiros reflexos da reforma trabalhista e condições de iniciar um ciclo virtuoso em nossa economia, que pode continuar nos próximos anos”, prevê. Para ele, as eleições de 2018 são o principal risco nesse processo.
“O mercado está confiante no Brasil e deve continuar assim. Se não fizermos nenhuma besteira, que seria escolhermos um governo que mude a economia e gere desconfiança, teremos bons anos pela frente”, destaca Carvalho
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